Sucesso e Fracasso – A carta reveladora de Anselmo Duarte a Fritz d’Orey

Sucesso e fracasso, anselmo, grande ator, roteirista e cineasta, morto este mês, foi o único brasileiro a ganhar a Palma de Ouro, isto em 1962, com seu O Pagador de Promessas, por ele dirigido e no qual foi protagonista.

Por divergências ideológicas com a turma do Cinema Novo, a carreira de Anselmo entrou em declínio. 

Fritz d’Orey, hoje com 70 anos, foi a grande promessa do automobilismo brasileiro no final da década de 50.

Em 1960, Fritz teve de abandonar a carreira de ascendência meteórica depois de um acidente a 300 km por hora na reta de Le Mans, que deixou sua Ferrari partida em dois, seu corpo destroçado, e Juan Manuel Fangio arrasado por perder seu mais jovem e talentoso piloto.

Fritz, que despontava no Brasil como piloto do nível de nossos Fittipaldi, Piquet e Senna, foi descoberto pelo pentacampeão Juan Manuel Fangio no GP da Cidade de Buenos Aires. 

Fangio assistia a corrida e ficou impressionado com o jovem brasileiro de 19 anos que liderava um batalhão de feras do quilate de Froilan Gonzáles, na época vice-campeão mundial.

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Fritz d’Orey

A 3 voltas do final, folgado na dianteira, Fritz abandona a corrida por quebra no diferencial do carro.

Nos boxes, um mensageiro lhe diz que Juan Manuel Fangio deseja lhe falar. O garoto incrédulo vai até o boxe onde se encontra o maior piloto de todos os tempos até então.

Fangio lhe diz que havia cronometrado sua passagem pela mais perigosa curva do circuito, onde só os grandes campeões não tiravam o pé do acelerador, e que ali Fritz  ganhava um segundo por volta de seus adversários.

O  pentacampeão do mundo quer saber se Fritz correria por sua equipe internacional, na Europa, pilotando uma Maserati. Fritz lhe diz que não tem dinheiro mas Fangio lhe responde que isto não é problema. 

Fritz estreia na Europa, pilotando uma Maserati Formula 1, e já vence o GP de Messina, na Itália.

Em Le Mans, na grande reta de Mulsanne, sua Ferrari decola e, a toda velocidade, vai de encontro a uma árvore. 

Dias atrás, abro meu e-mail e vejo um velho documento que Fritz me enviou. Leio a carta de Anselmo a Fritz, vejo ali amizade, admiração, orgulho, mas também mágoa e o tema subjacente do sucesso e do fracasso na vida.

Penso em publicá-la, mas não sei se peço, Fritz não gosta de publicidade. Acabo mandando um e-mail pedindo que me autorize, mas nada de resposta. 

Um dia Fritz me liga por conta de outro assunto, e resolvo comentar a carta. Rindo, Fritz me conta que Anselmo era “macho pacas”.

Em 1960, correndo no circuito Europeu graças a Fangio, Fritz namorava a Miss Portugal de então, nas suas palavras uma “deliciosa menina” de 19 anos. O companheiro Anselmo saía com a irmã dela.

Numa boate em Lisboa, Fritz está feliz, desfrutando da vida com sua Miss, quando três grandalhões chegam para lhe quebrar a cara. Anselmo Duarte aparece e cobre os três gajos de porrada. 

Aproveito a descontração e peço novamente que me deixe publicar a carta. Para minha surpresa, Fritz não parece se opor à publicação.

Falamos um pouco de sucessos e fracassos em todos os campos da existência (mulheres, dinheiro, realizações etc).

Fritz me diz: “fui derrotado pelo desastre em Le Mans aos 21 anos, quando achava que seria campeão do mundo”.

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A carta
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