Quanto vale o clique?

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Fotógrafo, a Preta Gil pagando calcinha não vale nem R$ 300. De namorado novo? Ok, trezentinhos paga. Se for namorado mesmo, porque bitoca no Circo Voador não vende revista mais não.

A Carolina Ferraz carregando sacolas no Fashion Mall, por sua vez, vale mais do que mil palavras – com sorte, mil reais.

A bela não dá mole nunca, é celebridade rara no mundo dos humanos. Mas foi comer um macarrão com o ex da Marília Gabriela… e passou a valer o dobro.

E a Deborah Secco, limpando o prato da Adriane Galisteu no Leblon? De R$ 2 mil a R$ 4 mil, dependendo do tamanho do biquíni.

A foto da rainha do “amor eterno, amor verdadeiro” (tatuagem escondida com pancake no pé esquerdo depois do fim do namoro com o Falcão, do Rappa) na praia aos amores com o jogador Roger valeu um mês de salário para o fotógrafo Fernando Azevedo.

– Casal novo é a situação que mais vale. Mesmo se não for muito famoso. Só de ser jogador de futebol, por exemplo, já vale mais – avalia o paparazzi. – Traição então, é o Oscar dos fotógrafos.

Mas se estiver na novela das oito, também vale bastante. Malu Mader, por exemplo, é uma atriz que sempre vende.

No ranking das celebridades, ex-Big Brother não vale quase nada. Para não dizer “nada”, rende uns R$ 50 – mesmo assim, o famoso-quem? tem de ser da última temporada do reality show. Na dúvida, é mais rentável para o fotógrafo ficar em casa estudando nas revistas de fofoca quem está com quem para não comer mosca.

Athina, a foto de 9 mil euros

Nas ruas, vale mais quem tem mais: a lógica natural do mercado. A bilionária Athina Onassis já rendeu 9 mil euros ao fotógrafo Cassiano de Souza, da revista Cara.

Trinta anos de idade, 11 de profissão, ele passou um dia inteiro perseguindo a bela herdeira em carros disfarçados, alugando limusines para despistar seguranças, na última vez em que ela veio ao Brasil.

Como ele, pelo menos outros 30 fotógrafos, inclusive de agências internacionais, disputaram um ângulo qualquer da mulher mais rica do mundo.

Depois de pagar R$ 100 reais pela informação (em algumas boates luxuosas de São Paulo, seguranças cobram R$ 1 mil por mês para alimentar os paparazzis de notícias), Cassiano soube que Athina chegaria por volta de 1h à boate Disco, em São Paulo.

Dependurado numa árvore nos fundos da boate por mais de duas horas, o paparazzi flagrou, sozinho, a bilionária chegando.

A foto não teria rendido tanto se, no zoom, o paparazzi não tivesse captado uma mancha roxa no braço da herdeira de Onassis: o hematoma, provocado por alguma injeção, confirmava o boato plantado dias antes na imprensa européia de que Athina estaria fazendo tratamentos radicais para emagrecer.

– Vendi a foto para o mundo inteiro – comemora o fotógrafo, lembrando que ficar horas escondido em árvores foi “mole”. – Na Vila Madalena, já fiquei disfarçado por três de mendigo, com um bando deles, à noite e no frio.

 

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Fotógrafo foi espancado na Bahia

A gincana tinha de ser meticulosamente preparada: o objeto da fofoca era ninguém menos do que o ator Fábio Assunção, tido como nível de dificuldade máximo entre os globais e apenas comparado a Eduardo Moscovis e Victor Fasano na categoria agressividade.

Cassiano comprou as roupas de um mendigo e adaptou a máquina dentro de uma lata. O esforço valeu a pena: em menos de um minuto, registrou o mocinho entrando no carro (!).

A grande notícia da foto era que o galã, então recém-separado da mulher Priscila Bornogovi, aparecia pela primeira vez com a hoje oficial Karina Tavares. A foto lhe rendeu R$ 2 mil, o preço de uma “capa-flagra-básica”.

Atrás de tantos êxitos, no entanto, Cassiano lembra a pior situação por que passou em busca de uma foto, em dezembro de 2004.

Ao saber por um amigo-de-amigo-de-amigo que um esquema seria montado para garantir a privacidade de Luma de Oliveira em um resort de Itacaré (BA), o Txai, (depois apelidado de “resort da tortura” pelos profissionais das ruas), alugou um bangalô e pegou o primeiro avião para a Bahia.

Acordou no paraíso bem cedo, estudou a geografia local e se posicionou num morro próximo. Do alto, fez toda sorte de flagrantes da bela. Que, claro, não estava sozinha.

Acompanhada do policial civil Sigmar de Almeida, da Coordenadoria de Recursos Especiais do Rio de Janeiro (Core), garantiu material suficiente para uma edição especial sobre o amor e uma cabana, se fosse preciso.

No dia seguinte, Cassiano foi levado a uma sala do resort, onde tomou uma surra de dois funcionários na frente do policial. O equipamento, avaliado em R$ 20 mil, foi apreendido pela direção do resort, e o profissional foi expulso. Cassiano deu queixa, e o processo corre até hoje.

O laudo do exame de corpo delito, assinado pelo médico Mauro Pereira, mostra que ele sofreu hematomas na região nasal, escoriações e hemorragia na face.

– A sorte foi que a revista me protegeu o tempo inteiro – pondera.

Para evitar este tipo de problema, os paparazzi estabeleceram um código de ética. Para Fernando Azevedo, não vale fotografar celebridade usando droga.

– Sei que ninguém publicaria esse material e me arriscaria demais para nada – entrega.

Múmia, o paparazzo celebridade

O fotógrafo Paulo Múmia – o apelido veio depois que ele largou a carreira de museólogo para dedicar-se à fotografia – não acha certo invadir a casa dos outros, mas admite que já fez.
 
– Pelo mato e até pelo mar – revela, lembrando como quase se afogou em Angra dos Reis em busca de um flagra no último réveillon.
 
(Detalhe técnico: se colocada dentro de dois sacos plásticos, bem amarrados e com ar, com as lentes protegidas por camisinhas sem lubrificante, as câmeras atravessam até o Oceano Atlântico, garantem os fotógrafos.)

Mas o que Múmia incluiria mesmo no código de ética é uma situação, segundo ele, comum nas noites cariocas.

– Preta Gil pagando calcinha. É triste, e como diz o ditado: “Que a morte me seja menos dolorosa!” – diverte-se.

Com cabeleira e barba que fazem lembrar a figura de Jesus, Múmia, dono de uma vasta rede de informantes que vão de vendedores de picolé a garçons, é o mais “celebridade” entre os paparazzi.

Ele ficou famoso depois de uma destacada aparição no programa Pânico na TV.

Cansados de esperar pelos pombinhos Camila Rodrigues (quem?) e Bruno Gagliasso, a dupla Vesgo e Sílvio pegou Múmia para Cristo. Literalmente.
 
– Mas quem dá dinheiro mesmo Angélica e Luciano Huck, Xuxa e a filha, Malu Mader e Carolina Ferraz. O resto só paga conta – resume.

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