Uma releitura do clássico de Antoine de Saint-Exupéry, o livro “O Pequeno Príncipe em Cordel” é um projeto do escritor Josué Limeira e do ilustrador Vladimir Barros, que, incorporando à história original elementos da cultura nordestina, elaboraram uma nova versão da obra, desenvolvida no mesmo estilo da literatura de cordel.
A diferença da releitura está na reestruturação da história original, que agora é narrada em sextilhas – onde cada estrofe contém seis versos e as rimas são feitas nas linhas pares entre si –, e na transposição completa do cenário original para o cenário nordestino. As ilustrações de Vladimir Barros combinam os estilos da xilogravura com o movimento Armorial – que busca desenvolver uma arte erudita, permeada por elementos típicos da cultura popular –, as cores são quentes e a paisagem é mais árida. O menino perde os traços europeus e passa a ter cabelos loiros cacheados, a pele bronzeada, usa vestes de cangaceiro e pega carona no voo de asas-brancas – a mesma ave da música de Luiz Gonzaga. Todos os personagens do livro são transportados para a realidade nordestina: “O Vaidoso” agora é representado pelo “Homem da meia-noite”, clássico boneco gigante do carnaval de Olinda, “O Rei” se transforma no rei do maracatu e a flor que o menino encontra no meio de sua viagem é a flor de mandacaru.
“Se tu me cativas
Conhecerei os teus passos
Será como música solta
Melodia e compasso
Sairei da minha toca
E irei pra teus braços”
Entre a concepção do livro e sua publicação, o autor precisou entrar em contato com família de Saint-Exupéry para obter as autorizações necessárias para a comercialização. Josué Limeira, em entrevista, conta que a família do autor não entendeu exatamente o que era literatura de cordel – explicar o que é “cordel” não deve ser fácil – e negou a releitura. Após completar 70 anos da morte de Exupéry, a obra entrou em domínio público, o que possibilitou o lançamento do livro, que está sendo apreciado tanto pelo público adulto quanto pelo infantil.
Imagens: Editora Carpe Diem/ Divulgação