Juntos formamos este assombro de misérias e
grandezas, Brasil, nome de vegetal!…
Mário de Andrade, Clan do Jabuti (1926)
Transar, trepar, fazer amor, copular, acasalar, foder. Há várias maneiras de nomear o ato sexual, conforme o clima que se quer provocar.
O ato sexual, segundo Platão, é o mais prazeroso, mas também o mais feio de se ver, tão feio que as pessoas tendem a ocultar-se durante o ato (Cf. Hípias Maior; 299a).
Essa feiúra evocada pelo sexo, isso o que aí nos fere, parece ser, para Platão, o risco de perda da face racional humana, que se animaliza a ponto até de adquirir feições grotescas.
Tudo se passa como se o ato sexual fosse agradável para o corpo e ao mesmo tempo desagradável para a vista e para a moral (que contamina a percepção do corpo desde o mito bíblico da queda do paraíso até ao jargão popular que paradoxalmente nomeia “vergonhas” seus objetos de desejo).
Se o sexo não deve ser visto, poderá ao menos ser escrito ou lido? A literatura tem seus recursos para amenizar ou, ao contrário, radicalizar os aspectos mais sensíveis do ato sexual.
O sexo literário pode desempenhar uma função erótica, política, religiosa, didática e até filosófica.
Em algumas situações o sexo pode ser aparecer como um símbolo para indicar uma experiência de reunião de seres de culturas diferentes, da qual pode vir a surgir uma nova identidade, ou até mesmo, a promessa de um novo e melhor futuro.
Selecionei três cenas da literatura brasileira onde a relação sexual funciona como um dispositivo para se (re-)pensar a cultura nacional, nos seus rumos e descaminhos.
A primeira delas é também a mais famosa: a clássica “transa cearense” de Iracema, a virgem dos lábios de mel, com o guerreiro branco, Martim, no romance de 1865 do escritor José de Alencar (1829-1877).
A história se passa no começo do século XVII, quando os portugueses lutavam para expulsar os holandeses do nordeste, mas o livro inteiro é construído em torno da preparação e das consequências do sexo entre a índia e o europeu. Você deve estar pensando:
“Mas como assim eu não me lembro dessa cena quando fui obrigado a ler Iracema no ensino médio?”.
Você não se lembra, caro leitor, porque ela não existe. É muito mais sugerida à imaginação do que descrita detalhadamente à percepção sensível, em um dos mais famosos hiatos narrativos das letras nacionais:
— Vai, e torna com o vinho de Tupã. Quando Iracema foi de volta, já o pajé não estava na cabana; tirou a virgem do seio o vaso que ali trazia oculto sob a carioba de algodão entretecida de penas.
Martim lho arrebatou das mãos, e libou as poucas gotas do verde e amargo licor. Não tardou que a rede recebesse seu corpo desfalecido. Agora podia viver com Iracema, e colher em seus lábios o beijo, que ali viçava entre sorrisos, como o fruto na corola da flor.
Podia amá-la, e sugar desse amor o mel e o perfume, sem deixar veneno no seio da virgem. O gozo era vida, pois o sentia mais vivo e intenso; o mal era sonho e ilusão, que da virgem ele não possuía mais que a imagem.
Iracema se afastara opressa e suspirosa. Abriram-se os braços do guerreiro e seus lábios; o nome da virgem ressoou docemente. A juruti, que divaga pela floresta, ouve o terno arrulho do companheiro; bate as asas, e voa para conchegar-se ao tépido ninho. Assim a virgem do sertão, aninhou-se nos braços do guerreiro.
Quando veio a manhã, ainda achou Iracema ali debruçada, qual borboleta que dormiu no seio do formoso cacto. Em seu lindo semblante acendia o pejo vivos rubores; e como entre os arrebóis da manhã cintila o primeiro raio do Sol, em suas faces incendidas rutilava o primeiro sorriso da esposa, aurora de fruído amor.
Martim vendo a virgem unida ao seu coração, cuidou que o sonho continuava; cerrou os olhos para torná-los a abrir. A pocema dos guerreiros, troando pelo vale, o arrancou ao doce engano: sentiu que já não sonhava, mas vivia. Sua mão cruel abafou nos lábios da virgem o beijo que ali se espanejava.
— Os beijos de Iracema são doces no sonho; o guerreiro branco encheu deles sua alma. Na vida, os lábios da virgem de Tupã, amargam e doem como o espinho da jurema.
A filha de Araquém escondeu no coração a sua alegria. Ficou tímida e inquieta, como a ave que pressente a borrasca no horizonte. Afastou-se rápida, e partiu.
As águas do rio depuraram o corpo casto da recente esposa. A jandaia não tornou à cabana. Tupã já não tinha sua virgem na terra dos tabajaras.
Iracema era prometida a Tupã, quem a tocasse corria o risco de sofrer uma morte dolorosa. O estratagema para transgredir a proibição consistiu em beber o licor de jurema.
Martim acredita então que está possuindo apenas a imagem de Iracema em sonho, sem correr risco de ser envenenado pelo mel amaldiçoado por Tupã.
Mas Iracema aproveita o torpor do guerreiro e se deita com ele. Quando o dia raia, Iracema já não é mais virgem.
Martim é uma espécie de Ulisses às avessas: enquanto o herói de Homero amarrou o corpo ao mastro do navio e quase enlouqueceu das ideias com o canto das sereias (cujos lábios nunca veio a provar), o guerreiro de José de Alencar preferiu amarrar a razão e a moral ao mastro dos alucinógenos e se entregou ao gozo da vida através dos poderes da imaginação.
Mas o mais importante aqui é que quando a virgem e o guerreiro supostamente fazem amor, é como se brancos e índios, europeus e sul-americanos, colonizadores e escravos, civilizados e selvagens, se reconciliassem em suas divergências.
O encontro de corpos diversos representaria não só o nascimento de uma nação, como de todo um continente (Iracema, como já apontaram diversos críticos, é um anagrama de América). Todo o mito da suposta cordialidade do brasileiro, da cultura tolerante gestada no encontro amigável de várias raças, concretizar-se-ia nessa transa.
E o que é pior, tudo se passa como se não fora um estupro, um ato de violência, um massacre que dizimou milhares de vidas (também é notável a omissão dos afrodescendentes nos romances de Alencar).
É tristemente irônico que um país que nasceu sob o signo do genocídio indígena tenha seu relato alegórico original justamente ao contrário, em uma transa louca e apaixonada.
A segunda cena emblemática de sexo na literatura brasileira, que também evoca questões da cultura e da identidade nacional é justamente o oposto, na forma e no conteúdo, à transa de Iracema.
Trata-se de uma cena tão violenta que talvez não possa ser descrita como uma transa e sim como um estupro, fazendo parte das inúmeras narrativas sexuais de João Ubaldo Ribeiro ()1941-2014) no livro Viva o Povo Brasileiro (1984).
Embora o livro reconte, com elementos fantásticos e paródicos, cerca de 330 anos de história do país em quase 700 páginas, a cena que escolhi se passa mais ou menos na mesma época das invasões holandesas do romance de José de Alencar e dialoga intertextualmente com ele.
Infelizmente a obra de João Ubaldo não costuma ser leitura obrigatória nas nossas escolas e provavelmente o caro leitor não dispõe da mesma familiaridade que tem com o romance de José de Alencar, cujos personagens dispensam de maiores apresentações.
O livro aborda, em narrativa não linear, a colonização, a independência, a guerra do Paraguai, a abolição da escravatura, a proclamação da república e ditadura militar.
A linearidade é garantida por uma espécie de metafísica da reencarnação: é praticamente a mesma alma que desce e sobe, alternando entre as terras brasileiras e o “poleiro das almas”, reencarnando em diversas figuras através dos tempos, sempre em busca de mais aprendizagens.
Um dos personagens mais antigos, que de certa maneira representa a origem mítica do povo brasileiro segundo Ubaldo, é o caboclo Capiroba, que vivia na Ilha de Itaparica em meados de 1647, na Bahia.
Capiroba era filho de uma índia e um negro, fugiu da sua aldeia por se recusar a ser catequizado pelos padres e passou a sobreviver comendo gente. J
oão Ubaldo, com seu humor mórbido, descreve em detalhes as experimentações de temperos, típicas da culinária baiana, com que Capiroba preparava seus jantares, geralmente feito com portugueses, até que por um acaso ele experimenta a carne de alguns holandeses e passa a preferir exclusivamente se alimentar deles.
Sua filha mais velha Vu se interessa e passa a transar com um dos holandeses presos pelo pai:
Vu, a filha mais velha do caboco, ficou contente quando Sinique comeu um pedacinho de Aquimã, aliás não só um pedacinho, mas quase uma gamela cheia de carninha moqueada muito bem moqueadinha, com pirão de aipim.
Ela tinha gostado do holandês e duas vezes o caboco a viu querendo fazer com ele o que o caboco fazia com as mulheres. O caboco sabia que aquilo estava errado, que era o holandês quem tinha de fazer como ele fazia, pondo a mulher de quatro, segurando a gordura do alto das coxas, passando cuspe e se despachando com ligeireza, mas teve preguiça de ensinar.
Achou que Vu, do jeito que andava, se esfregando nos pés de pau de tronco liso e saindo para se esconder pelos matos horas seguidas, com certeza inventaria um jeito e de qualquer forma isto não era problema dele, que já tinha bastante com que se preocupar.
E realmente ela descobriu um jeito, porque, depois que o caboco quebrou os dois dedos do holandês e lhe botou a argola no nariz, ele não conseguia mais empurrá-la e espernear assim que ela se agarrava às suas bragas, puxando-as para baixo.
Quando ela finalmente o pôs nu da cintura para baixo, ele estava imóvel, pois, tão logo esboçou a reação costumeira, ela lhe apertou os dedos quebrados e amarrou a argola do nariz numa corda curta.
E foi com grande sofreguidão que, não logrando vencer a engenharia das bragas, fraldas, culotes, laços e todo aquele tumulto de panos que cobria os quartos do holandês, cortou o que pôde com uma faca e o resto rasgou com os dentes.
Ao vê-lo enfim exposto, as pontas dos pentelhos ruivos cintilando ao sol que passava em fatias por entre os mourões, Vu levantou o tronco ainda ajoelhada e, os lábios trêmulos, as mãos vibrando, o fôlego convulso, o sangue incandescente, o coração turbulento, quase sai voando por a princípio não saber como levar seu corpo todo, que parte dele levar, que partes dela encostar e apertar no holandês deitado e nu que ela agora mirava outra vez com um prazer quase insuportável.
como se tivesse brotado uma cordilheira de arrepios, músculos e pele eriçada desde o meio dos peitos até abaixo do umbigo. Mas sabia, porque uma ondulação espasmódica e cada vez mais premente lhe chegava de todos os pontos ao meio de suas coxas e então, depois de acariciar o holandês com as mãos em concha, juntando-as de leve e movendo-as para cima e para baixo como quem brinca de fazer água escorregar entre os dedos, sentou-se em cima dele com um movimento só, deu um gritinho e desatou a maior risada que jamais pensara poder dar.
Passou então a volta-e-meia entrar no cercado, virar o holandês de barriga para cima e sentar nele com muitos sinais de felicidade, às vezes demorando-se de olhos fechados e oscilando levemente o tronco e os quadris, às vezes quase saltando como quem monta a galope, às vezes simplesmente enfiada e instalada, cuidando de um afazer ou outro e conversando.
João Ubaldo inverte o esquema de José de Alencar: se lá o ato sexual é descrito com pudor e castidade, aqui é com detalhes de crueldade e lascívia.
Se o homem português possui a virgem com beijos de amor, aqui é a mulher brasileira, filha do caboclo, quem praticamente estupra o europeu (Heike Zernique, ou Sinique, como Capiroba o apelidou) com requintes de violência.
Se os portugueses constituem o paradigma cultural por excelência na obra de Alencar, a predileção do caboclo pela carne dos holandeses indica uma certa resistência ao processo de aculturação impingido pela corte colonial.
Se em Iracema a natureza é domada pelo espírito civilizatório, aqui o Caboclo e sua família fogem para a mata, resistindo à catequese cristã. Se os índios são domesticados lá, aqui eles resistem, literalmente, através da antropofagia.
Se Iracema dá luz à Moacir, o “filho da dor”, menino mestiço que representa o início da história de uma nova raça de sofredores; Vu vai gerar uma linhagem de mulheres fortes e combatentes, passando por Dadinha, Vevé, até chegar em Maria da Fé, rebelde, utópica, guerrilheira.
Ambas, Iracema e Vu, morrem, a primeira de saudades do seu guerreiro branco, já a segunda, é enterrada viva de cabeça para baixo, punida por não se submeter ao jugo dos seus captores.
Enquanto José de Alencar omite e edulcora a violência do processo de colonização, Ubaldo a expõe e a contrapõe com um fervor quase sádico.
Parece-me às vezes que há um certo maniqueísmo na desconstrução Ubaldiana do romantismo, já que não há mais lugar para o amor, nem de outras formas, somente para o choque entre as culturas; a violência é praticada por todos os lados de forma irrefreada.
O discurso ferrenho contra a hegemonia eurocêntrica, em uma espécie não de pós-, mas sim de “ultra-modernismo”, parece às vezes levar Ubaldo a apresentar um quadro surreal de inversão de valores, como se fossem os nativos que pudessem impor seus hábitos e costumes aos colonizadores, como se houvesse uma identidade única e imutável da brasilidade a resistir aos processos sucessivos de aculturações:
A “alminha” que sempre reencarna. Tudo se passa como se por trás do humor cáustico da escrita João Ubaldo se escondesse uma sede reativa, e portanto ainda escravizada, de vingança contra os dominadores, como se sua tentativa de escapar do totalitarismo não temesse a possível instauração de outros terrores tão perigosos quanto, a de um certo chauvinismo nacionalista, por exemplo.
É por isso que trago à guisa de conclusão provisória, uma terceira cena literária de sexo, a minha predileta, que é muito menos pesada do que a de Ubaldo e não menos contestadora da visão romântica da cultura nacional, que predominou durante boa parte do último século.
Trata-se do pouco conhecido conto intitulado “Brasilia”, de Mario de Andrade (1893-1945), escrito em 1921 e publicado no livro Primeiro Andar (1926).
É a história de um diplomata francês interessado em descobrir e em conhecer os costumes, os hábitos, as delícias, as mulheres e o idioma do Brasil.
Louis tinha entretanto grandes dificuldades para aprender o português, pois todos, nas festas, no hotel ou na embaixada se orgulhavam em falar o idioma francês.
Por causa disso surgiu nele o desejo de ter uma amante brasileira não francófona. Aos poucos o desejo se transformou numa fantasia obsessiva que o levava a ter alucinações.
Depois de uma busca infrutífera, nas altas rodas da Capital de então (o conto se passa no Rio de Janeiro), de uma mulher inteligente e bela que ignorasse o seu idioma materno, Louis resolve ir para o interior, mas também lá as oligarquias persistiam em educar suas filhas segundo os padrões europeus.
O destino do herói parecia irremediável quando, finalmente, ele aborda uma linda mulher na rua com a pergunta capital “Parle-vous français?”. A resposta negativa foi o suficiente para que ele se apaixonasse perdidamente por aquela, que deveria ser a realização de todos os seus sonhos.
Depois de alguns percalços no processo de conquista, ele consegue finalmente seduzí-la. A experiência seria fascinante. Louis aprende pela primeira vez o que é verdadeiramente o amor, através das carícias de Iolanda, uma típica mulher brasileira. Uma transa mágica que descortinaria as raízes da brasilidade:
No silêncio da praia longe escutamos a queda brusca da noite. Como, num orgulho sem razão, não quisesse violar o ninho de Santa Teresa, depois do jantar leve e caminhada a pé refugiamo-nos num hotel fronteiro ao mar.
Queimados de volúpia nos enlaçamos. E eu aprendi o amor! Não dizíamos nada mesmo em nossos cansaços.
A linguagem da carne, muda e ardida. Não, a conversa das almas, das consciências e da carne. Comunhão! Vi disseminadas simultaneamente na lembrança não-sei-quantas bocas de mulheres beijadas.
Fora aquilo o amor! Tempo perdido! Tão diferentes dessa que delirava a meu lado sem refinamentos, tumultuosa exótica selvagem brasileira! Eu não pensava, não refletia mas como em geniais invenções, nos meus delírios pausas delírios desesperos apaixonados afuzilava-me no cérebro uma via láctea de idéias juízos que não pensava não refletia mas sentidos inteiros repentinamente no fundo de mim: as sábias carícias das mulheres francesas… Desgosto.
A espanhola que só tivera na verdade o salero de não saber o fandango… Nina… Virgens, viúvas… Mulheres-da-vida… Sábias carícias. Raças decadentes sem vitalidade, pobres da volúpia dos mundos vertiginosos… Sem sangue e sem fogo… Raças decadentes… Sem raiva de amor… Erudição… E o contraste da noite brasileira!
Assim como em Alencar e João Ubaldo, o tema abstrato da origem autêntica da identidade nacional é transposto para o plano concreto da paixão e da volúpia.
Louis acredita ter experimentado na intimidade a essência da brasilidade, mas mais tarde, por acaso, descobre que a sua selvagem e exótica amante não apenas sabia falar francês, como em verdade era mesmo uma francesa: de Marseille, que entretanto habitava no Rio já há dez anos.
A “noite brasileira” tinha sido um grande engodo, apenas uma longa e desvairada alucinação. Após a descoberta do falso Brasil, o protagonista divide-se em sentimentos contraditórios: de um lado, uma certa fascinação pela sinceridade e espontaneidade de Iolanda, que o impedem de abandoná-la.
Por outro lado, a decepção e a revolta, que o impelem a ir embora, pois Iolanda era apenas a projeção de suas vontades.
Essa ambiguidade de Louis, essa mistura de atração e revolta por Iolanda, talvez descreva apropriadamente a sensação que muitos brasileiros sentem pela própria pátria.
O texto de Brasilia, escrito 40 anos antes da fundação da nova capital ainda guarda surpreendente atualidade.
Poderíamos imaginar nos dias de hoje um turista norte-americano passeando pelo Rio de Janeiro e tendo dificuldades para achar alguém para conversar em português, perdido no meio de tantas placas anunciando “delivery”, “outdoor”, “call center”, “self-service”, etc.
O importante a ressaltar é que o ato sexual de Louis e Iolanda não anuncia nenhuma unificação de culturas diferentes (Alencar), nem preconiza um ato de retaliação violenta contra a dominação europeia (Ubaldo Ribeiro).
O sexo literário de Mário de Andrade é simplesmente uma brincadeira poderosa, capaz de embaralhar e de desconstruir o desejo nostálgico, comum tanto ao romantismo quanto ao modernismo, de uma ideia homogênea de “nação”.
Brasília nos convida a olhar para nossos próprios olhos no espelho e a suportar as ambiguidades e inconstâncias que aí aparecem, sem querer resolvê-las com a promessa de novas raças.
Como bem disse o poeta Renato Resende em uma coluna também aqui no Palma Louca: “ainda está para ser escrita uma nova Iracema, em seu sentido erótico, idealizada, sim, mas desejada como mulher completa, plena de virtudes, não reduzida a seus lábios de mel…” (http://www.palmalouca.com/reportagem/reportagem.jsp?id_reportagem=887).
Enquanto isso, resta a nós, leitores pensantes, denunciar e reinventar as formas tradicionais de equacionar a literatura, o sexo e brasilidade.
Sem tentar encobrir nem exaltar nossas irresoluções, mas evidenciando-as e confrontando-as; e principalmente, mantendo em nós acesa, mesmo nas frustrações e fracassos, a chama de fascínio pelo imponderável dessa cultura.
Charles Feitosa
Vila Isabel, Rio de Janeiro.
Verão de 2016.
Nesta manhã de domingo, minhas (in) conclusões sobre o Brasil se renovam.
Maravilha de ensaio.
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gostei muito desse site, parabéns pelo trabalho. 😉
Adorei o site, parabens!!