Em 1993 — muito antes de seu sumiço voluntário — Belchior estava praticamente fora do mainstream da chamada MPB. Pouca gente ouvia seus discos mais recentes e suas canções já não chegavam ao rádio. O pouco lembrado “Bahiuno”, lançado naquele ano, é uma obra reveladora da personalidade e do que pensava o compositor cearense. É, ao mesmo tempo, uma impressionante reflexão sobre sua geração e sobre os sonhos e descaminhos daqueles que compartilharam utopias nos anos 60 e 70.
Alguns versos do disco são assombrosamente atuais. Segure aí o seguinte trecho de “Lamento do marginal bem sucedido”: “Ah! Enquanto essas senhoras e esses senhores viram o jogo contra nos/ e põem o mundo a seu favor- que horror!/ Conversação de marginais sobre terra devastada em meio a nossa guerra civil/ desde Cabral o Brasil é Brasil”.
Outros versos ilustram o sentimento de desconforto de quem havia exaltado as novidades vindas nos ventos libertários dos anos 70 e agora se deparava com as reviravoltas dos anos 90. “Baby / Enquanto um velho mestre de blues radioativa nas ondas sonoras do carro/ tome um fósforo e, ao gosto dos anjos, acenda o último cigarro/ Que aquele bêbado lhe deu/ E blues lamente comigo os tempos cínicos e cruéis/ para o caubói delicado que você diz que sou eu”.
Mesmo lamentoso, o cowboy delicado de bigode grosso, voz grave e sorriso largo nunca foi um ressentido. Pelo menos é o que atestam os testemunhos de pessoas que o conheceram ao longo da vida, inclusive nos momentos mais duros. Era um artista nato, febril, quase louco na forma como submergia na criação.
Difícil precisar em que momento o “marginal bem sucedido” foi se distanciando do público. Apesar do isolamento, Belchior teria conservado hábitos como escrever, compor e pintar, até o final. Talvez apenas porque não pudesse parar. Como cantara muitos anos antes, em “Divina Comédia Humana”: “Eu canto, enquanto houver/ espaço, tempo, corpo/ e algum modo de dizer não”.
Foi um intransigente e cantou sua rebeldia: “Ao pastor de minha igreja reza/ que essa ovelha negra jamais vai ficar branquinha/ Não vendi a alma ao diabo/ O diabo viu mau negócio nisso de comprar a minha”. E, sozinho, traçou seu caminho no mundo, atravessado por influências eruditas e populares. Viveu, mesmo sem aderir a projetos políticos, os idealismos arrebatadores de sua época: “Conta aos amigos doutores que abandonei a escola pra cantar em cabaré/ Baiões, Bárbaros, baihunos, com a mesma dura ternura que aprendi na estrada e em Che”
“Amar e mudar as coisas me interessa mais” foi talvez um dos mais emblemáticos versos do compositor cearense. Desses que se pixam nos muros até hoje. Bebeu de tudo e com todos. Conheceu de perto os hippies, o movimento estudantil de esquerda, as ideias do Maio de 68, a revolução do corpo. Tendo vivido profunda experiência católica na juventude, transformou-se em um anarquista declarado, como afirmou em entrevista ao Pasquim de 1982: “Por exemplo: eu achava que cabia aos estudantes pensar as alternativas para uma mobilização política que não fosse capitalista ou socialista. Queria uma experiência anarquista, no sentido mais rígido da palavra, uma experiência desordenadora. Imaginava que podíamos aproveitar a oportunidade do movimento estudantil pra ser algo mais que caudatário do movimento político institucional”.
As canções de Belchior revolveram as angústias, os dilemas, os ideais e as expectativas de uma época. Foi a tarefa que assumiu – árdua tarefa –, como declarou em 76 à jornalista Ana Maria Baiana: “Minha música está muito em cima dos fatos, eu quero dar assim um balanço da minha geração, dos anos 60. Não quero apontar caminhos, soluções, mas dar uma geral em tudo o que aconteceu, voltado para o futuro, para o que vai vir. O que já está vindo, aliás”
Claro que o futuro mostrou-se muito diferente do que se esperava. Em 93, na canção “Baihuno”, Belchior fotografaria outras duas transformações que marcaram o fim — ou talvez uma interrupção momentânea — dos ideais cultivados pela sua geração. “Cai o Muro de Berlim — cai sobre ti, sobre mim/ Nova Ordem Mundial/ Camisa-de-força-de-vênus/ Ah! quem compraria, ao menos, o velho gozo animal?”. O fim do socialismo como força política global alternativa, a AIDS se impondo como energia repressiva, o prazer vendido como mercadoria.
Talvez Belchior sentisse mesmo tudo desabar, mas seguia. Alguns versos adiante, parecia intuir o caminho que tomaria 14 anos depois: “Já que o tempo fez-te a graça de visitares o Norte, leva notícias de mim/ O cara caiu na vida, vendo seu mundo tão certo, assim tão perto do fim”.
Em seus melhores momentos, Belchior era uma antena captando mudanças, um cronista da História em movimento. Antirreacionário por excelência, não reagia negativamente às mudanças, limitava-se a observá-las, transformando o estranhamento em canções-comentário. Toda sua obra parece beber na seminal “The times they are a-changing”, na qual Bob Dylan advertia os reacionários e acomodados: “É melhor você começar a nadar, senão afundará feito uma pedra/ Pois os tempos estão mudando”.
Em 1977, um ano após lançar a obra-prima “Alucinação”, Belchior declarou à Ana Maria Baiana que seu projeto de carreira já estava todo definido em detalhes na sua cabeça e que não faria concessões. “É preciso muita lucidez para não ceder, ficar com a cabeça no lugar. Eu, por exemplo, tinha uma série de fatores considerados negativos pela indústria do disco: a voz que era estranha, o fato de abordar temas, como dizer, ásperos, e o fato de não ser exatamente um cantor galã. Eu podia ter amaciado meus temas, feito jogadas. Mas não fiz.”
Aparentemente, ele já divisava as armadilhas que envolviam o contraditório posto de pop star rebelde: “Sei que agora corro outro risco, o de ficar preso a uma fórmula, ser, como você disse, uma ‘espécie de contestador oficial’”.
“Tenho falado à minha garota/ Meu bem, difícil é saber o que acontecerá/ Mas eu agradeço ao tempo/ O inimigo eu já conheço/ Sei seu nome, sei seu rosto, residência e endereço/ A voz resiste/ A fala insiste/ Você me ouvirá” (“Não leve flores”)
Origens
Alguns anos antes de se lançar como compositor, Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes foi seminarista. No monastério da Ordem Menor dos Capuchinhos, em Guaramiranga (CE), ele era mais conhecido como o Frei Sobral. Ali, como mostra o capítulo já divulgado da aguardada biografia do cantor urdida pelo jornalista Jotabê Medeiros, o jovem religioso aprofundou sua paixão pela literatura, conheceu preceitos filosóficos marcantes em sua trajetória e entrou em contato com um modo de introspecção profunda, um cultivo da solidão como virtude. Além de rigoroso nas penitências, jejuns e demais provações religiosas, Belchior divertia os outros seminaristas com suas emboladas e repentes. Virtuoso, diz-se que podia passar até três horas improvisando versos seguidamente. Era um talento incontrolável.
A vida regrada de seminarista duraria três anos. Ao fim dos quais Belchior percebeu que não era a fé, mas, sim o gosto pelo estudo, que o atraíra para a vida monástica. Ao Pasquim, ele falou sobre a experiência:
“Nesse tempo (vivido no mosteiro) completei o curso de Filosofia, o que foi muito importante, tendo aprendido latim, pois podendo ler os textos no original me desvencilhei de todo o entulho religioso que até ali tinha atravancado minha cabeça. Ainda hoje leio os textos religiosos tradicionais — Bíblia, São Tomás de Aquino, Santo Agostinho — em latim”.
Pouco depois de largar os capuchinhos, foi para Fortaleza estudar Medicina, mas, logo, trocou o projeto de virar doutor pela música. Agitou espetáculos, realizou programas de TV, juntou-se a uma turma de jovens compositores. Entre eles, ilustres cearenses como Ednardo, Fagner, Rodger e Teti.
Anos depois, uma parte da turma abraçou a ideia de um disco em conjunto. O grupo se autointitulou “Pessoal do Ceará”. Belchior não embarcou no projeto. “Não faz muito sentido pra mim, esse determinismo geográfico” justificou-se. “Não preciso enfatizar minhas raízes, enfatizar meu cearensismo. Eu faço coisas cearenses em qualquer circunstância, porque tenho o Ceará dentro de mim”
Belchior se considerava marcado a ferro e fogo “pela exposição ao universo sonoro do nordeste, que é uma coisa fortíssima”. As influências regionais, porém, se confundiam com uma miscelânea de outras: “A nordestinidade é uma coisa que só pode ser vista do sul. A típica música nordestina também. Eu não tinha nenhuma preocupação seletiva. Eu ouvia tudo, como todo o povo de Sobral ouvia”.
Sobre sua formação musical na infância, ele contou ao Pasquim: “Meu avô, um coronel do sertão, tocava sax e flauta. Minha mãe cantava no coro de igreja. Foi ouvindo eles, as músicas de violeiros, o serviço de alto-falante, que comecei a gostar de música. O alto-falante era uma maravilha, sonorizava toda a amplidão do sertão”
Após passar pelo Rio, onde venceu o Festival Universitário da Canção, em 71, foi para São Paulo. Lá tocou em “quase todos os lugares onde é possível cantar: escolas, praças, fábricas, hospitais, prisões, circos, caminhões. Até em teatros”. Era uma espécie de vagabundo iluminado de Kerouac e, ao mesmo tempo, um operário incansável da canção.
Os tropicalistas eram vistos por ele como precursores, quase como irmãos mais velhos que deviam ser superados. A pretensão de Belchior não era pequena: “Nós (os músicos cearenses) fomos influenciados por eles (os tropicalistas), pelas propostas deles. E por isso mesmo não se pode ficar parado. É preciso continuar, ir adiante no que os baianos fizeram”
Em certo ponto, parece que a inegável vocação artística o levou a uma tendência à megalomania. Em 1988, ele chegou a declarar ao repórter Thales de Menezes que, sentindo sua missão na música quase concluída, estava investindo em outro projeto artístico. Tratava-se, tão somente, de uma colossal coleção de 3 mil desenhos ilustrando “A Divina Comédia”, de Dante, a maior das suas muitas obsessões literárias.
O Último Capítulo
Por mais que os depoimentos sobre os últimos anos do compositor venham aparecendo aqui e ali, não é possível entender — e talvez nunca será — o que se passou na sua cabeça. Belchior teria se lançado ao famoso “dropout” (se jogar, largar tudo) dos hippies e demais libertários dos 60 e 70?
O trovador solitário deixou para trás a família, imóveis, bens e projetos não terminados (onde teriam ido parar os desenhos da Divina Comédia?). Ainda assim, as contas e dívidas que se acumularam o perseguiriam. Inclusive a pensão dos filhos que teve dentro e fora do casamento. Não é fácil ser esquecido.
Sua sombra na vida nova foi o outro Belchior, o astro. Aquele que nunca o deixaria fugir em paz, viver anônimo. Pelos relatos que vão surgindo, sua vida itinerante logo virou uma bola de neve, uma teia de aranha. O mundo cobrou a conta. A imprensa o encontrou. O dinheiro acabou.
Chegado ao hedonismo, Belchior nunca foi investidor ou poupador. Sobre acumular dinheiro, ele havia dito ao Pasquim, em 82:
“As pessoas que falam em guardar dinheiro não sabem ou se esquecem de que existem os charutos perfumados, as mulheres bonitas, os bons vinhos, de que é importante a gente ver o Oriente, a Europa, e de que a acumulação do dinheiro, além de ser chato, não tem mais significado numa sociedade contemporânea de serviços e de comunicação eletrônica veloz”.
Belchior continuaria sua marcha pelo sul, fugindo de hotéis para não pagar a conta, morando na casa de fãs que se tornariam amigos e protetores. Procurado pela polícia uruguaia, tentava permanecer anônimo, andava na rua sorrateiro e desconfiado.
O compositor não esteve só em sua última jornada, mas ao lado de Edna, uma jornalista que conheceu em 2005. Alguns amigos antigos do cantor acreditam que ela o dominava, acusam-na até de ter feito nele uma espécie de “lavagem cerebral”. Outros, que conviveram com o casal nos últimos anos, o achavam dependente dela. Seria difícil e até injusto, porém, estabelecer qualquer tipo de parecer ou julgamento sobre a relação.
Em Santa Cruz do Sul, destino final da viagem, onde viveu de favor na casa de amigos entre 2013 e 2017, o cantor teria passado a maior parte do tempo recluso. De acordo com aqueles com quem conviveu, atravessava os dias fazendo aquilo que vinha fazendo há muitos anos: escrevendo, lendo e pintando. Alheio ao redemoinho da vida, não se preocupava com mais nada: vivia tranquilo e bem humorado, apesar da falta de garantias.
Belchior conseguiu o que desejava quando decidiu largar tudo e quase todos, ou caiu numa armadilha? É melhor ficar com a dúvida do que atribuir à história ares de tragédia e ao seu autor a marca da loucura. Belchior foi apenas um inesquecível rapaz latino-americano do seu tempo, que terminou (assim como começou) sem dinheiro no banco e, aparentemente, com o mesmo coração selvagem.
Para finalizar, mais um trecho da entrevista ao Pasquim:
Ricky — Você continua apenas um rapaz latino-americano?
Belchior — Claro, sou um brasileiro comum.
Ricky — Só que agora com dinheiro no banco.
Belchior — Não é bem isso. Eu não confiaria nos bancos a esse ponto, né. Ainda tenho uma formação brechtiana.
Nosso Bob Dylan.
Belchior >>>> Bob Dylan.
O BELCHIOR QUE CONHECI E NAMOREI SEMPRE SOUBE O QUE QUERIA FAZER NA VIAGEM POR ESTE MUNDO. EMBARCAVA NO MEU FIAT 147 E PERCORRIA A PERIFERIA DE CURITIBA. SAIA DO HOTEL PARA DORMIR NUM COLCHÃO NO CHÃO DA SALA DO MEU PEQUENO AP. NÃO TINHA CORTINA. NAS NOITES DE LUA CHEIA NOSSOS CORPOS PARECIAM ESTÁTUAS DE PRATA. ELE FAZIA NUVENS DE FUMAÇA COM SEU CACHIMBO ENQUANTO EU TIRAVA SUAS MEIAS VERMELHAS E FAZIA MASSAGEM NOS SEUS PÉS. ALGUNS VIZINHOS PENSAVAM QUE ERA SÓSIA. OUTROS SABIAM QUE NÃO. A ENTREVISTA EU FARIA COM ELE PARA A CNT? ACHO QUE NÃO FIZ. VOU LÁ REVER OS ARQUIVOS QUALQUER DIA. AGORA É TEMPO DE CHORAR. MAS ACHO QUE ELE ESCOLHEU O MELHOR. TAMBÉM ACHO QUE FIZ O MESMO. HOJE TEM TRIBUTO A BELCHIOR EM CURITIBA.
SIMPLES, HUMILDE, DIVINO, MARAVILHOSO, AMOROSO, PERFEITO EM TUDO.
SE AFASTOU SABENDO QUE SUA OBRA PAGARIA DIVIDAS E FOI VIVER COMO QUERIA. FICAR NO MEIO DA FAMA É MASSACRANTE. AGORA ENTENDO O QUE ME FEZ LARGAR A FAMA NO MEU ESTADO AINDA ANTES DELE. CLARO QUE JAMAIS TIVE O TALENTO EM TUDO – COMO ELE TINHA. MAS JÁ ERA BEM CONHECIDA E SE ME VENDESSE AO MERCADO ESTARIA FAMOSA E RICA COMO COLEGAS QUE SEGUIRAM O CAMINHO DA FAMA. SAUDADES ETERNAS.
Desejei contigo compartilhar crônica que escrevi quando Belchior nos deixou. Me emocionei com sua narrativa… Salete, somos conterrâneos. Nasci em Ponta Grossa e minha família de origem mora por aí. Foi um prazer ter tido a oportunidade de entrar em contato contigo mediante seu belo texto. Abraço.
Martin
HOJE, QUANDO AS VELAS DO MUCURIPE SAIREM PARA PESCAR, VÃO LEVAR AS LÁGRIMAS DE TODOS OS CEARENSES PARA AS ÁGUA FUNDAS DO MAR.
26/10/46 – 30/04/17
As minhas também, de um cearense por adoção, fazendo o caminho ao inverso ao de Belchior que escolheu Santa Cruz do Sul para completar sua trajetória nesta vida. As coincidências não param por aí. Viemos a esse mundo no mesmo ano, eu em março, ele em outubro de 1946. O dia de seu nascimento (26/10) é o mesmo do de minha ex-companheira e mãe de meus três filhos, Srª Lúcia Odete. Por fim, o dia 30/04, o de seu passamento, coincide com os 99 anos de fundação da cidade de Erechim(RS) que me acolheu por mais de três décadas, onde nasceram meus três filhos – Andréa Melissa, Jeferson Luís e Melina – e onde desenvolvi minha vida profissional no Colégio Polivalente e na Universidade Regional Integrada do Alto – Uruguai e das Missões – URI.
O jornalista Sílvio Mauro considera o cantor e compositor Belchior um transgressor, na medida em que, “ousou” sair do Ceará para mostrar ao Brasil e ao mundo que sua música era muito mais do que se convencionou chamar de “arte regional”. É preciso, no entanto, que o Brasil e o mundo saibam de sua trajetória. Ele foi um compositor que falou de temas universais como solidão, medo e saudade. E se apresentou não como um cearense ou brasileiro, mas como “um rapaz latino-americano”, deixando claro, em uma de suas músicas: “ um tango me cai bem melhor do que um blues”.
Belchior representava um universo que, nós, da linha de baixo do equador, pela histórica baixa autoestima em relação aos países desenvolvidos, não temos consciência: o de nossa imensa riqueza cultural e de conhecimento, ao que Boaventura de Sousa Santos chama de “Epistemologias do Sul”.
Belchior, mais do que um cantor e compositor, pode ser considerado um escritor e um filósofo – inclusive de formação acadêmica, uma vez que por ele abandonou o curso de medicina – mas sobretudo pela profundidade que imprimiu às suas canções. Ele mesmo foi seu maior intérprete, depois, Elis Regina, cujas gravações o tornaram mais conhecido.
O músico foi um cronista de seu tempo, mas, como todo o bom artista, sua obra transcende a sua época.
O Editorial de O Povo conclui assim:
“A ironia cortante, feito faca, de Belchior – cearense, porém, do mundo – vai continuar ressoando por muito tempo em todos os ouvidos, junto com a advertência/apelo do poeta, músico, cantor, compositor, escritor e filósofo:
“ O que é que pode fazer o homem comum neste presente instante senão sangrar? Tentar inaugurar a vida comovida inteiramente livre e triunfante”
Quanto mais estudo as letras, entrevistas, sons, cortes bruscos, suaves… mais entendo o quanto a Belchior é ETERNO! Tivemos um SÁBIO entre nós e nem todos entenderam.
Se ele soubesse o tamanho do NOSSO AMOR POR ELE talvez tivesse voltado e ocupado outra vez o PALCO onde se sentia inteiro!
Aos que falam alto, mal-educados…ocupem seus lugares e deixem a vida alheia ao tempo que o poeta semeia, com seu charuto e bigode. ..
Eu BERRO quando a saudades bate forte. Eu DESAFINO quando sinto a dor do outro e sempre sinto. Eu, feito BELCHIOR, me tornei livre ao longo do caminho. Não não me importo com os mal-educados que se acham no direito de mandar no olho, na saudade, na dor do outro. EU SOU BELCHIOR! Foi com ele que aprendi tudo sobre SER LATINA e GRITAR A DOR que sangra demais.
Abraços Eduardo. Não precisa fazer o que eu faço. Mas pode se manter calado se esse é o seu desejo. Falando do charuto… usava mais o cachimbo. O charuto era provocação a quem sabia o que ele sentia sendo LATINO e tendo que conviver com o sistema de MOER CARNE copiado lá dos que mandam nos EUA. A Globo sabe. Obs. Tenho problemas de vista e não quero falar como você! EU NÃO SOU COMO VOCÊ!
Aqui vai uma mensagem a Edna Assunção Araujo, que era antes uma Historiadora, com quem dividir um sobrado em Guarulhos-SP e muitas batalhas, pelo teatro, pelos estudantes, pelos professores no início dos anos de 1990. Uma sonhadora que naquela altura, já era apaixonada por Belchior, mesmo sem o conhecer diretamente, por suas canções e sua pintura, tinha a coleção completa e inspirada nele também pintava e lia muito, alem de nos fazer escultá-lo repetidamente. Não é atoa que ele a escolheu para viver seus últimos anos, eram almas gêmeas. Agora creio que só ela pode expressar algo de mais próximo ao cantor Cearense, suas últimas composições, as traduções da Divina Comédia, etc, caso parem de tratá-la como uma estranha que havia pervertido e amaldiçoado a vida e a produção de Belchior. Ela era só uma garota,criativa e produtiva, utopiana que como ele, escarrou no dinheiro, no luxo e na opressão inerente a todo bem sucedido cidadão do novo mundo, preferindo também ser apenas uma garota latina americana e sem dinheiro no banco. Certamente dedicou a ele seu últimos anos.
Excelente comentário. Preciso dizer que foi perfeito? Foi.
Tive o privilegio de conhece-lo em Santana do Livramento em meados de 2009 – 2010, não acreditei quando vi a sua foto em um jornal do RS, o qual dizia que ele teria deixado a fronteira. Ali caiu a ficha, eu teria conhecido e conversado, várias vezes, com o autor das obras que embalam a minha existência, agradeço a todos os que lhe deram guarida, não recebi essa medalha da vida, mas aquele rapaz de sorriso largo, conversa boa é bigode brilhante deixou amigos por aonde andou !!!!!
Ouço Belchior desde que eu era criança e certamente suas canções e forma de pensar e de viver, atuaram decisivamente na minha formação. Não vou lamentar o seu passamento, mas sim, continuar ouvindo e levando por onde for, a sua obra. Tenho certeza de que ele viveu e fez tudo o que quis.
Desde criança me apaixonei pelo tom grave de sua voz, pelas músicas que tocava nas rádios, claro que eram seletivas, mas me chegou aos ouvidos com pertinência “Sujo de batom”, gravada por Antonio Marcos, e logo em seguida descobri que era de Belchior, como outros sucessos na voz de Elis Regina “Como nossos pais” e “Galos noites e quintais” com Jair Rodrigues, esses claro tinham mais espaço na mídia do que Belchior, conheci Belchior pessoalmente, dentro de uma loja em Fortaleza, onde divulgava seu trabalho “Medo de avião”, foi meu primeiro contato com uma obra completa de Belchior e das músicas que mais me agradaram de toda sua obra estão contidas nesse trabalho com destaques para “anunciação” que conheci posteriormente, pois a industria fonográfica não dava muita oportunidade para esse contato direto com sua obra, vivia garimpando nas lojas a busca de seus sucessos, desde então virei tiete e sempre dava um jeito de furar o bloqueio para lhe cumprimentar e deixar meu abraço a esse eterno ídolo que mora no meu coração.
Belchior…É simplesmente TUDO!!!!!
Triste fim, que a mídia nunca vai assumir como sua culpa, pela falta de consciência E pelo destrato com os compositores e intérpretes brasileiros. Desde sempre, dando amplo espaço a produtos de baixa qualidade, fenômenos que não se comparam com o talento e criatividade dos grandes representantes da verdadeira música brasileira MPB.
Belchior é o maior compositor que o Brasil já teve. Um gênio.
Ouvirei até o fim de minha vida.
Cantarolava sempre suas músicas. Medo de avião era a que mais cantava. Não por ser a que mais gostava. Mas pq fez muito sucesso no Ceará. (Nossa terra) Mas todas as suas músicas são maravilhosas e ele será sempre uma figura viva em minha memória. Na nossa memória. Queria ter tido o prazer de tê-lo conhecido pessoalmente!
Agora, seu plano é outro, mas suas músicas continuaram sendo um presente fantástico para os nossos ouvidos.
Cantarolava sempre suas músicas. Medo de avião era a que mais cantava. Não por ser a que mais gostava. Mas pq fez muito sucesso no Ceará. (Nossa terra)
Todas as suas músicas são maravilhosas e ele será sempre uma figura viva em minha memória. Na nossa memória. Queria ter tido o prazer de tê-lo conhecido pessoalmente!
Agora, seu plano é outro, mas suas músicas continuarão sendo um presente fantástico para os nossos ouvidos.
Lúcia de Jesus, entendo seu ponto de vista, mas uma pessoa pode mudar muito num período de tempo tão longo. Talvez a Edna Prometheu de hoje seja bem diferente da Edna Assunção Araújo que você conheceu.
Eu BERRO quando a saudades bate forte. Eu DESAFINO quando sinto a dor do outro e sempre sinto. Eu, feito BELCHIOR, me tornei livre ao longo do caminho. Não não me importo com os mal-educados que se acham no direito de mandar no olho, na saudade, na dor do outro. EU SOU BELCHIOR! Foi com ele que aprendi tudo sobre SER LATINA e GRITAR A DOR que sangra demais.
Abraços Eduardo. Não precisa fazer o que eu faço. Mas pode se manter calado se esse é o seu desejo. Falando do charuto… usava mais o cachimbo. O charuto era provocação a quem sabia o que ele sentia sendo LATINO e tendo que conviver com o sistema de MOER CARNE copiado lá dos que mandam nos EUA. A Globo sabe. Obs. Tenho problemas de vista e não quero falar como você! EU NÃO SOU COMO VOCÊ!
1976 Fui a uma loja comprar um carro.No som da loja tocava uma musica e quando a musica terminava,alguem pedia para voltar a tocar a mesna musica.Eu então deixei de comprar o carro naquele dia .Fui procurar o disco que tinha a musica…Apenas um rapaz latino americano..Daí em diante nao mais parei.